domingo, 20 de dezembro de 2009

A adolescência em diferentes culturas

Diferentes jeitos de ser adolescentes.

O fenômeno da globalização parece conter, em si, dois efeitos aparentemente contraditórios. Por um lado, a expansão do consumo e a invasão dos mesmos produtos em lugares tão diferentes e distantes entre si podem fazer com que olhos menos atentos pensem que, com o tempo, o mundo será, realmente, uma grande aldeia global, em que as pessoas vão se comportar da mesma forma. Por outro lado, a abertura geral das fronteiras dos países — principalmente com a inundação de informações vindas de todos os cantos — faz com que as diferenças entre as culturas fiquem mais evidentes do que nunca. De tão evidentes, essas desigualdades podem parecer, por vezes, inconciliáveis.

Durante muito tempo se disse (e ainda se ouve isso em muitos lugares) que a expansão comercial dos EUA produziria uma espécie de “americanização” forçada dos demais países. Muitas pessoas acreditavam que outros povos passariam a desejar o jeito americano de viver ou que, pelo menos, absorveriam hábitos e comportamentos da cultura americana. Nesse contexto, os adolescentes seriam as principais vítimas: bombardeados pela música, filmes e produtos geralmente produzidos pelos EUA, em pouco tempo, eles seriam transformados em produtos da cultura daquele país. Mas será que as coisas são mesmo assim? É possível dizer que a vida do adolescente americano é igual à do adolescente brasileiro? Será que a globalização conseguiu derrubar as fronteiras e tornar os adolescentes brasileiros semelhantes aos americanos? Antes de analisar o tema, é preciso fazer uma ressalva: assim como o Brasil, os EUA são um país muito grande.

Por isso, é tão difícil falar do “adolescente americano” quanto do “adolescente brasileiro”. No Brasil, as diferenças regionais e econômicas fazem com que um jovem que tenha nascido e crescido no interior de Roraima tenha uma vida completamente diferente da de um nascido e criado em Porto Alegre, por exemplo (nem melhor e nem pior, é preciso deixar bem claro, apenas diferente).

Do mesmo modo, não se pode achar que a adolescência de um garoto de origem hispânica, nascido no interior do estado do Alabama seja igual à de um menino nascido em Nova Iorque. Portanto, quando falo em “adolescente americano”, estou fazendo uma generalização que deve ser relativizada.

Dito isso, pode-se lançar um olhar geral sobre a juventude norte-americana. Aparentemente, os jovens de lá em muitas coisas são como os de nosso país: adoram música (mas só as cantadas na língua deles), usam jeans, adoram fast food e shopping centers, a escola ocupa um papel importante em sua vida e as preocupações amorosas rondam a cabeça deles o tempo todo.

Um olhar minucioso, porém, vai revelar algumas diferenças culturais importantíssimas, que resultam em padrões de conduta marcadamente diferentes. Assim, percebe-se que não basta consumir o mesmo produto para que duas pessoas se pareçam. Adolescentes brasileiros e americanos, apesar de compartilharem muitas preocupações e desejos, são diferentes por motivos que vão além do refrigerante consumido ou da música ouvida.

Eles não são iguais porque a raiz de suas culturas e de seus valores é diferente.

por: Andréia Schmidt

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